Sempre que converso com alguma colega professora que nunca trabalhou com crianças tão pequenas e irá iniciar com uma turminha de berçário, sinto uma insegurança em relação ao que fazer com os bebês. Brincar, interagir, cuidar e alimentar, é claro, mas como fazer isso de modo a diversificar as atividades para, de fato, auxiliar a criança a se desenvolver?
Eu mesma tive essa insegurança e, acredite - é mais fácil e prazeroso do que a gente imagina!
Se você é ou vai se tornar mãe daqui a pouco tempo e tem essa mesma angústia, não se aflija! Segue uma série de dicas de atividades e modos de interação com bebês que podem nortear o seu dia a dia. O mais importante é curtir o momento, dar atenção, se prontificar a conhecer a criança, suas reações, preferências... É até bem provável que, depois que você ler, perceba o quanto já faz um monte de coisa bacana!
E nem precisa de um tempo extra livre para fazer tudo isso... A maioria das atividades pode ser feita em momentos dos seu dia a dia com o bebê, como na hora da troca de fraldas e do banho, por exemplo.
Essa listinha é voltada para bebês de 0 a 3 meses de idade, mas boa parte delas também pode ser aplicada a crianças um pouco mais velhas ou com necessidades especiais, sobretudo aquelas que necessitem de estimulação sensorial.
Para começar, acho importante relembrar quais são as principais características de um bebê de até 3 meses de idade. Para você, que pretende aplicar a estimulação a uma criança com necessidades especiais, leia essas características e identifique, entre elas, as que podem ser atribuídas à criança com a qual você irá trabalhar.
Principais características do bebê de 0 a 3 meses
- enxerga a uma distância de até 30cm durante o primeiro mês;
- chora, como sua maneira de dizer que algo o incomoda ou que deseja alguma coisa;
- acompanha, com o olhar, coisas que se movam dentro de seu campo de visão;
- sorri para as pessoas;
- movimenta suas extremidades;
- fixa seu olhar sobre coisas brilhantes e chamativas, esboçando reações;
- escuta sons diversos e, devido à sua formação auditiva ainda em desenvolvimento, tem preferência por sons agudos;
- voltam-se para onde vem o som;
- segura com firmeza o que for colocado na palma de sua mão (reflexo palmar);
- levanta a cabeça momentaneamente, mesmo ainda não sendo capaz de sustenta-la;
- começa a vocalizar.
Em cada brincadeira que coloquei aqui, estão citadas nos objetivos as principais capacidades que serão desenvolvidas. São elas:
Capacidades sensoriais: referem-se ao desenvolvimento dos sentidos.
Capacidades psicomotoras: relacionadas ao aprendizado de novos movimentos ou aperfeiçoamento dos mesmos.
Capacidades cognitivas: relacionadas ao desenvolvimento da memória, da atenção, da criatividade, da expressão, etc.
Capacidades sociais: graças a elas, o bebê se relacionará com as outras pessoas e terá contato com normas sociais.
Capacidades afetivas: levarão a criança a se expressar de maneira espontânea, aliviando tensões. Serão, também, responsáveis pelo desenvolvimento de uma certa autonomia na criança.
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| fonte: cn.babycenter.com |
E vamos às brincadeiras!
1 - Brisa
Capacidades relacionadas: sensorial, psicomotora, afetiva e social.
Objetivos: estabelecer relações e vínculos entre o bebê e você; ajuda-lo em seu desenvolvimento sensorial e motor; fazer o bebê começar a tomar consciência de seu próprio corpo; acostumá-lo ao contato interpessoal e fazê-lo se sentir querido.
Como fazer:
Com delicadeza, sopre a palma de uma das mãozinhas do bebê. Em seguida, faça o mesmo com a outra mão e diga, com ternura: "Estas são as suas mãozinhas!", acariciando suas mãos.
Depois, pegue com suas mãos os pés do bebê e sopre-os com suavidade. Diga, olhando para ele: "Estes são seus pés!", também acariciando-os.
Podemos prosseguir desta maneira, repetindo a ação de assoprar nas outras partes do corpo da criança, sempre falando seus nomes e acariciando seu/sua pequeno(a).
Quando sentirmos que a criança está cansada, devemos mudar de atividade. A criança deve desejar a repetição da brincadeira, demonstrando isso com gestos de alegria.
2 - Estou aqui!
Capacidades relacionadas: sensorial, psicomotora e afetiva.
Objetivos: exercitar os olhos e ouvido; ajudar o bebê a localizar e identificar sons e pessoas; iniciar a movimentação de sua cabeça e pescoço; estabelecer vínculos entre você e o bebê.
Como fazer:
No momento em que o bebê estiver acordando no berço...
Posicione-se perto do berço, à vista do bebê e chame-o pelo nome com um tom de voz agradável, que o surpreenda ao invés de assustá-lo. Se ele não notar sua presença, aproxime-se um pouco mais (com bebês menores de um mês, será necessário posicionar-se junto ao berço e ir se movimentando ao redor dele, pois dificilmente o bebê nos verá a uma distância maior).
Quando certificar-se de que o bebê já a localizou com o olhar, mude de lugar e torne a chama-lo.
Por fim, cada vez mais perto, acaricie sua cabeça ou lhe dê um beijo, repetindo seu nome e acrescentando palavras de carinho!
3 - O ciclista
Capacidades relacionadas: psicomotora e cognitiva.
Objetivos: iniciar o bebê na descoberta do próprio corpo; potencializar o desenvolvimento motor de suas pernas; favorecer a sincronização dos movimentos da criança; estimular a aquisição do sentido de ritmo.
Como fazer:
Hora do exercício! Acomode o bebê de barriga para cima em uma superfície plana e confortável.
Pegue seus tornozelos e estique, alternadamente e com delicadeza, suas perninhas: estique uma perna e flexione a outra, sucessivamente, seguindo um ritmo suave.
Pouco a pouco, aumente a velocidade das "pedaladas" ou faça algumas variações no ritmo (ora mais lento, ora mais rápido).
Para variar um pouco a brincadeira, segure seus tornozelos e estique ambas as pernas de uma vez. Enquanto isso, você pode cantar alguma musiquinha.
Dê o exercício por encerrado antes que o bebê comece a demonstrar sinais de cansaço. Beije-o e faça cócegas em seus pezinhos.
4 - Sapatinho musical
Capacidades relacionadas: sensorial, psicomotora e cognitiva.
Objetivos: exercitar as pernas e braços; iniciar o reconhecimento das relações de causa e efeito; desenvolver os sentidos de visão e audição; praticar a sincronização óculo-manual dele.
Como fazer:
Antes de realizar esta brincadeira, prepare o "sapatinho musical" de seu bebê. Basta costurar com firmeza um chocalho (guizo) pequeno na ponta de uma meia ou sapatinho de tricô.
Calce o "sapatinho musical" em um dos pés e o outro sapatinho, sem o chocalho, no outro.
Se o bebê não mexer as pernas, você poderá mexê-las para chamar a atenção dele para os pés, aproveitando o som ou o brilho metálico do chocalho.
Você pode mudar o sapatinho musical de pé, coloca-lo em uma das mãozinhas...
5 - O chocalho
Capacidades relacionadas: psicomotora e cognitiva.
Objetivos: aumentar a coordenação óculo-manual do bebê; estimular a descoberta de objetos e texturas; exercitar suas mãos e estimulá-lo a adquirir sentido de ritmo; aumentar o controle psicomotor do bebê.
Como fazer:
Coloque um chocalho nas mãos de seu pequeno para que ele tente pegá-lo.
Como ele ainda não conseguirá segurá-lo durante muito tempo, o chocalho cairá, chamando sua atenção.
Torne a oferecer o objeto para que se divirta segurando-o por algum tempo. Ele deixará cair novamente e, em seguida, devolva-o ao bebê.
Explore com ele o objeto, ajudando-o a segurá-lo e ensinando-lhe o barulho que faz ao movimentá-lo em diferentes ritmos.
6 - Cadê? Achou!
Capacidades relacionadas: sensorial, cognitiva, social e afetiva.
Objetivos: aprimorar a percepção visual do bebê; estabelecer relações e vínculos afetivos entre o bebê e nós; estimular a localização de sons e pessoas; favorecer a capacidade de antecipação do bebê.
Como fazer:
Tome cuidado para que essa brincadeira de aparecer e desaparecer não seja brusca e assuste seu pequeno!
Com o bebê deitado, de barriga para cima, aproxime-se dele e chame-o carinhosamente pelo nome.
Quando ele já tiver percebido sua presença, brinque de "Cadê? Achou!", escondendo-se atrás de uma peça de roupa ou pano e dizendo "Cadê?" e reaparecendo, em seguida, exclamando "Achou!".
Você poderá variar a brincadeira, direcionando a cabeça para um lado ou para o outro ou variando sua posição em relação ao bebê, que responderá com alegria e gritinhos de surpresa!
7 - Palmas, palminhas
Capacidades relacionadas: psicomotora e cognitiva.
Objetivos: estimular a aquisição do sentido de ritmo; exercitar os bracinhos; ajudar no descobrimento do próprio corpo; desenvolver suas habilidades motoras básicas.
Como fazer:
Com o bebê deitado de barriga para cima, chame-o suavemente pelo nome para que perceba a sua presença.
Pegue seus bracinhos e mexa-os para que bata palma com as mãozinhas.
Enquanto isso, cante, para ele, uma canção de ritmo lento.
8 - Cada um dos seus dedos
Capacidades relacionadas: sensorial, psicomotora e cognitiva.
Objetivos: treinar a motricidade fina dos pés; ajudar na exploração sensorial do corpo; estimular a aquisição progressiva de sua capacidade de concentração; ensinar a manifestação de emoções.
Como fazer:
Acaricie com os dedos a planta dos pés do bebê, perto do calcanhar. A criança, provavelmente, responderá rindo e estendendo os dedos dos pés.
Depois, faça o mesmo perto dos dedos dos pés e observe como ele os contrai. Alterne cada movimento por diversas vezes.
Por fim, pegue os dedos dos pés do bebê, começando pelo mindinho e terminando pelo polegar, movimentando-os enquanto canta os versos:
"Aqui, a pombinha
pôs um ovo,
este ela olhou,
este ela pegou,
este ela salgou,
este ela fritou,
e este, mais gordinho,
ela comeu inteirinho!
Comeu, comeu, comeu inteirinho!"
Quando chegar ao verso final, faça com que o bebê veja você fazendo o gesto de "comer" seu dedão, o que lhe causará uma alegria intensa.
9 - Olha!
Capacidades relacionadas: sensorial, psicomotora e cognitiva.
Objetivos: ensinar o bebê a segurar os objetos com duas mãos; desenvolver os sentidos da visão, da audição e do tato; propiciar o reconhecimento de distintas texturas e cores; ajudar no controle postural.
Como fazer:
Prepare o locar da brincadeira, colocando algumas almofadas e brinquedos pequenos de cores variadas e chamativas, com texturas diferentes.
Coloque o bebê sentado, apoiando-se nas almofadas, ou ajude-o a permanecer sentado enquanto durar a atividade.
Mostre-lhe, um a um, os diferentes brinquedos, enquanto sorri e fala com ele suave e carinhosamente.
Coloque os brinquedos em suas mãos e segure-os para que não caiam e para que o bebê possa explorá-lo. Se algum brinquedo fizer barulho ao se mexer, mova a mãozinha do bebê para que perceba o que está acontecendo.
Coloque o brinquedo em uma mão diferente a cada vez, para que o bebê vá exercitando ambas as mãos.
10 - Ti-qui-ti-qui-ti!
Capacidades relacionadas: cognitiva, social e afetiva.
Objetivos: ajudar o bebê a descobrir seu próprio corpo; estabelecer relações e vínculos afetivos entre você e o bebê; estimular a manifestação de emoções; iniciar a antecipação de ações.
Como fazer:
Com o bebê deitado de barriga para cima, toque suavemente com seus dedos indicador e médio diversas partes do corpinho dele.
Procure tocar duas vezes no mesmo lugar, dizendo "ti-qui-ti-qui-ti" e acrescente o nome da parte do corpo que tocar. O bebê responderá rindo das cócegas que sentirá.
Se você repetir essas ações, o bebê começará a rir quando vir que está levantando os dedos, porque já esperará pelas cócegas. A antecipação pode ser tão excitante quanto as próprias cócegas.
Para variar: Você pode contar, em voz alta, até três antes de fazer cócegas nele, conseguindo, assim, que o bebê comece a reagir antecipadamente a certas ações ou situações.
11 - À noite
Capacidades relacionadas: sensorial e psicomotora.
Objetivos: estimular o relaxamento e o descanso do pequeno; exercitar o movimento da cabeça e do pescoço do bebê; ajudar a localização e identificação de formas; desenvolver as capacidades visuais do bebê.
Como fazer:
Você pode pregar, acima do berço do bebê, um móbile de formato atraente ou confeccionar um, com recortes de papel ou cartolina coloridos em diversos formatos (estrela, lua, pássaro ou outros objetos do dia a dia. Logo, logo, sai um post com dias de como confeccionar um bem legal!).
Posicione o móbile de modo que a luzinha noturna do quarto do bebê ou a luz que entre pela porta ou por uma janela projete as sombras no teto ou na parede, de modo que a criança possa vê-las de seu berço.
Durante o dia, chame a atenção para os penduricalhos, suas cores e as sombras que projetam. Sopre-os um pouco para que se mexam, conseguindo, assim, atrair o olhar do bebê.
Á noite, se o bebê acordar, poderá se distrair olhando as sombras e assim relaxar e voltar a dormir.
12 - A bola gigante
Capacidades relacionadas: psicomotora e cognitiva.
Objetivos: iniciar na aquisição da noção de lateralidade; favorecer o relaxamento do bebê, com movimentos que o auxiliam a dormir; aumentar o controle motor e o sentido de equilíbrio do bebê; explorar as capacidades motoras do bebê.
Como fazer:
Para realizar esta brincadeira, você vai precisar de uma bola de plástico, de uns 75 cm de diâmetro, que pode encontrar em lojas de brinquedos, de esportes ou em grandes lojas de variedades. Sabe aquelas bolas grandonas que, antigamente, víamos para vender no circo ou nos parques de diversão? A sua bola de pilates também serve!
Coloque a bola no chão, se possível sobre o carpete ou tapete.
Posicione-se em frente à bola de plástico, colocando o bebê em cima dela, de barriga para baixo. Segure-o bem!
Faça com que a bola de plástico rode suavemente com o bebê apoiado nela, com cuidado, para que ele não escorregue. É preciso levar em conta que o bebê ainda não sustenta a cabeça com firmeza, então, segure-a.
Mova a bola para frente e para trás, de um lado para o outro.
A todo momento, explique o que está acontecendo a seu pequeno, para que, mesmo que ele não os entenda, vá se familiarizando com os sons e com a sua voz.
Para variar: uma grande bola de plástico pode ser objeto de muitas brincadeiras, para todas as idades. Outras possibilidades são segurar o bebê pelas mãos e fazer com que fique em pé sobre a bola ou que, deitado, chute-a com os pés ou tente pegá-la com as mãos.
Essas atividades foram elaboradas pelo Jorge Batllori e pelo Victor Escandell, e estão no livro 150 Jogos para a estimulação infantil (Ed. Ciranda Cultural). Obviamente não colocarei o livro aqui, na íntegra, e recomendo o título a quem tiver interesse em aprender mais sobre isso!
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